“Não vás…”

Caminhava a medo, os passos lentos e indecisos, contrariados. Não era naquele sentido que o seu coração lhe dizia para seguir. Mas ela sabia que já nada havia ali para salvar. Tinha-lhe dito adeus. Havia tantos obstáculos entre eles! Ela não tinha forças para tantos. Não, sozinha. Se ao menos ele tivesse coragem para lhe dizer “Não vás…”. Os segundos passavam e os seus passos, embora em câmara lenta, afastavam-nos cada vez mais. Ele ficara lá atrás a vê-la ir, sem nada dizer. Já teria ido embora? Ela não podia parar agora, mas ainda acreditava, como acontece nos filmes, que ele lhe implorasse para ficar. Bastaria uma palavra e aquele momento sufocante terminaria de outra maneira. Já nem respirava. Não conseguia. Sabia que, se ele não dissesse nada, só restaria o vazio, um vazio que se iria preencher de saudade, de lágrimas, de memórias. Não tinha de ser assim ou tinha? Finalmente, surgiram as escadas que a iriam afastar dele para sempre. O coração pedia-lhe desesperadamente para voltar para trás, mas ela já não podia regressar. Ele deixou-a ir embora. Foi a escolha dele. Tinha de aceitar o que a vida lhe estava a dar naquele momento. Já só podia salvar-se a si própria.

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