Tapearia: a inovação das tapas e petiscos

Há muito que o lugar de António Cruz era na cozinha. Nos jantares de família, era ele quem preparava as iguarias com que todos se deliciavam. Mas só há poucos meses, esse sonho culminou na abertura do restaurante de tapas e petiscos Tapearia, situado em São João do Estoril, Cascais. Neste espaço, onde cheira a mar, ou não estivéssemos perto da praia, há uma variedade imensa de receitas de carne e peixe, que constituem o resultado de muitas experiências originais, a prova de que a inovação não tem limites quando se faz o que se gosta.
Perante uma situação de desemprego, depois de vários anos a trabalhar na indústria farmacêutica, António arregaçou as mangas e deu asas à imaginação e à criatividade. A ele, juntou-se Teresa, a mulher, também ela a viver uma realidade semelhante. O espaço, perto de casa, no largo Amália Rodrigues, já era um restaurante, mas o antigo proprietário queria desfazer-se do negócio. Estava encontrada a oportunidade ideal.
O casal não teve medo de arriscar e adquiriu o local. A sala é ampla e confortável, a decoração, simples e cuidada. Os sorrisos, sinceros e acolhedores. Os sabores, surpreendentes e ousados.

Para quem quiser apenas petiscar, há opções para todos os gostos, desde as tábuas ibéricas com presunto, paio e queijo (dos 9 aos 25€), às tapas (1,50€ cada), como a de farinheira com ovo de codorniz, passando pelas saladas (6,50 a 8€). Para comer entre o pão, que pode ser de brioche, bolo do caco ou brioche negro, há prego do lombo, rosbife, hambúrguer e hambúrguer vegetariano. Ovos a baixa temperatura é outra das sugestões do menu.
Ideias não faltam para comer e ainda não chegámos à lista de petiscos, que inclui, por exemplo, polvo à galega (11,5€), pica-pau a baixa temperatura (7€), camarão ao alho (11€), atum braseado com rúcula e teriyaki (8€) e gambas panadas com sweet chilli (5,50€). Para quem gosta de arriscar, sugerimos os carpaccios, fusões ousadas de sabores que funcionam de forma muito equilibrada. Há atum com algas e maracujá (11€), polvo ou novilho com rúcula, parmesão e azeite, salmão com molho da casa e amendoim de wasabi (9,5€) e camarão com ralado de cogumelos e lima (11€).

As receitas mais tradicionais, como o pernil de porco e o bacalhau com broa, também fazem parte do menu, mas são cozinhadas a baixa temperatura. Os alimentos ficam muito suaves e os sabores ainda mais apurados.
Ir à Tapearia e não comer uma tapa, seria estranho. Segui a sugestão da Margarida Cruz, filha dos proprietários – que ajuda os pais sempre que pode – e experimentei uma tapa de queijo de cabra brulée em cama de rúcula. Sim, era crocante como se estivesse a comer leite creme. Sim, era criativa e, sim, conquistou-me. De seguida, provei o carpaccio de camarão. Todos os sabores do prato estão na dose certa, fundindo-se num rasgo exótico de originalidade. Uma verdadeira obra de arte!

Para quem gosta, o atum braseado é uma experiência memorável, que denota influências de várias cozinhas. E o que dizer dos ovos com espargos verdes, parmesão e óleo trufa (7€)? Simplesmente, deliciosos. Uma aparente simplicidade que combina muito bem. Percebemos que a imaginação do chef não tem limites quando um hambúrguer vegetariano, à base de feijão, e uma salada (8€) se tornam numa tentação rica de aromas e sabores. Os improvisos de última hora e a paixão com que se trabalham os alimentos misturam-se e o que chega à mesa não nos deixa indiferentes. Nota-se que os alimentos são muito frescos e de elevada qualidade.

E, para terminar, a refeição, sigo, mais uma vez, a sugestão da Margarida e provo o bolo de bolacha desconstruído, uma espécie de mousse com sabor forte a café envolvida em bolacha. Mais uma vez, uma surpresa muito agradável.
O restaurante está aberto todos os dias, exceto à segunda-feira e, em breve, irá promover dias temáticos.