Um sinal

Ainda procuro um sinal, algo que me diga que não te esqueceste da brisa fresca e suave que beijava os nossos rostos encantados pelo sol naquela tarde. Procuro manter a chama da vida, daquela vida que me deste quando incendiaste o meu corpo com os teus beijos, de uma vida que foi noutra vida, pois já não a sinto.
Ainda procuro um sinal de que estás por perto, de que não soubeste estar longe de mim, de que não queres mais estar afastado de nós. Procuro, mas nada encontro. Assim como nada foi o que levaste contigo quando resolveste partir. Assim como nada foi o que me deixaste quando resolveste que o teu futuro não incluía o nosso passado. Procuro, mas a minha voz já não tem força para chamar o teu nome.
Precisaste de mundo, de liberdade. Precisaste de procurar por ti próprio, num caminho longo e tortuoso, o que a vida traçou para ti. E eu precisei de te esquecer para poder chamar vida ao que me restou, para poder continuar à procura de sinais de que não foi em vão. Não é a vida, só por si, um sinal?

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