Com cerca de 40 quilómetros quadrados, Praslin é uma ilha granítica e, na maior parte do seu território, coberta por floresta tropical. Quer isto dizer que está garantido o cenário de praias paradisíacas com rochas de formatos originais e uma vegetação abundante, constituída essencialmente por coqueiros e palmeiras.
Estas formações rochosas têm cerca de 700 milhões de anos e devem-se ao facto de, nesse período, estas ilhas fazerem parte de um supercontinente que, mais tarde, se viria a separar. Não tão antiga, mas ainda do tempo dos dinossauros, a floresta de palmeira natural que se encontra nesta ilha é notável e impressionante. No coração de Praslin, encontramos o parque de Vallée de Mai (Vale de Maio), considerado Património da Humanidade pela UNESCO em 1983.
Quase no seu estado original, aqui encontramos várias espécies de palmeiras endémicas das Seychelles, das quais se destaca a que produz o coco de mar(coco de mer é o nome original), árvore que pode chegar aos 25 metros de altura. Praslin e Curieuse são os únicos locais do mundo onde podemos ver esta árvore no seu estado selvagem. Com um formato muito curioso, como se fossem uns glúteos femininos, o seu fruto é a maior semente do mundo e pesa entre 15 a 30 quilos. Mas esta curiosa palmeira, produz também uma semente masculina, que é comprida e estreita.
É um dos maiores atrativos deste parque com 19,5 hectares. Aberto a partir das 8.30 horas e até às 16 horas, tem três trilhos que podemos percorrer livremente com a ajuda de um mapa que nos é fornecido à entrada ou recorrendo a um guia. De qualquer das formas, nos locais considerados mais interessantes, encontram-se placas informativas que nos vão ajudando a saber mais sobre esta floresta encantada.
Além das plantas, há também animais endémicos, que só encontramos nesta ilha, como o papagaio preto, considerado o pássaro nacional das Seychelles. Existem apenas entre 500 a 900 exemplares desta ave. Para chegar a este parque, cuja entrada custa cerca de 20 euros, podemos facilmente apanhar um autocarro. O bilhete, seja qual for o destino, custa cerca de 50 cêntimos e é a forma mais barata de nos deslocarmos.
Depois desta viagem por um passado que nos faz lembrar o filme Parque Jurássico, é hora de renovarmos energias na praia. Fiquei instalada numa guest house junto a Côte d’Or e foi uma agradável surpresa. Esta é uma das zonas mais bonitas da ilha, com um areal extenso quando a maré baixa e com vista para as ilhas Curieuse e St. Pierre. A água é quente e, na maior parte das vezes, calma. As cores são intensas e revigorantes.
Para conhecer outras praias da ilha, o ideal será alugar um carro. Um dia é suficiente para percorrer tanto a costa leste como a costa oeste. A única preocupação é ter de conduzir à esquerda. Anse Consolation, Anse Possession e Baie Ste. Anne são zonas que merecem uma paragem para apreciar a vista e tirar umas fotografias, mas o lugar que impõe uma pausa mais prolongada é Anse Lazio, no norte da ilha.
Esta é das praias mais belas das Seychelles e, se na maior parte dos locais, o mar apresenta tonalidades esverdeadas, muito devido à intensa vegetação, nesta zona, a água é intensamente azul. Tem a profundidade certa e a tranquilidade necessárias para desfrutarmos do melhor que a natureza nos oferece. E, como bónus, podemos ainda fazer snorkeling para vermos alguns peixes coloridos.
Nesta praia, vale a pena almoçar no restaurante Bonbon Plume, um dos melhores da ilha. A oferta é diversificada embora o destaque vá para a cozinha crioula, que tem como base o caril. Os produtos são frescos e muito bem confecionados, ao contrário de outros locais da ilha. O preço é elevado, mas está dentro do praticado nas Seychelles. Aliás, o nível de vida neste país é muito elevado, o que se deve, sobretudo, ao facto de aqui não se produzir praticamente nada e ter de se importar quase tudo.
E é em Anse Lazio que encontramos as famosas tartarugas terrestres, que podem viver até aos 250 anos. É uma experiência mágica poder estar perto destes animais tão pacatos e quase indiferentes à presença humana, mas que apreciam bastante o nosso afeto. Podia ficar horas a dar festas a estas tartarugas gigantes que, se pudessem falar, teriam certamente histórias muito interessantes para contar.
Voltei a encontrar mais tartarugas na ilha Curieuse, a cerca de 500 metros de Praslin, uma ilha para onde foram levados os leprosos quando as Seychelles foram fustigadas por esta doença, no século XIX. É também nesta ilha que encontramos a maior comunidade de tartarugas, cerca de 300, numa espécie de santuário, depois da sua população ter sido exterminada com a chegada dos franceses.
Na ilha, encontramos um museu de ecologia que conta a história da ilha e foi neste local que li que o coco de mar foi assim nomeado pelos portugueses, que pensavam inicialmente que o coco crescia no fundo do mar quando o avistavam a flutuar ao largo das Maldivas. A ilha Curieuse merece uma visita e tem praias absolutamente deslumbrantes. Este passeio fica completo com uma paragem junto à ilha St. Pierre para fazer snorkeling. Apesar de se encontrarem alguns peixes exóticos, olhar para o fundo do mar é uma desilusão, já que os corais estão praticamente mortos. Voltei a fazer snorkeling em La Digue, mas isso fica para o próximo artigo.
Créditos das imagens: Starting Today
Este texto integra a rubrica “Mundo” do portal SAPO Viagens.
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