Há um silêncio perturbador no ar… Está a anoitecer e o céu ainda está pintado de um azul desmaiado, que se vai desvanecer a qualquer momento. Os pássaros parecem já ter recolhido aos seus ninhos. Nem as árvores mexem porque, ao que parece, o vento já foi procurar outras paragens. Até o mar está demasiado tranquilo, parece preguiçoso na sua tarefa incessante de ir e de voltar.
Há um silêncio tão cortante no ar como aquele que criaste entre nós, um elo que decidiste interromper sem explicações, sem despedidas, apenas com o vazio de palavras que não foram ditas, de encontros que não foram marcados e de sentimentos que foram ignorados.
A noite instala-se devagar, silenciosa, fria, tenebrosa. Mas ainda sinto o bater do meu coração e a respiração, há minutos, ofegante, é agora mais serena. Este silêncio é apenas uma pausa da vida que não pode parar. Que não vai parar. E enquanto houver vida a passar nas minhas veias e a percorrer o meu corpo, enquanto houver ar a entrar nos meus pulmões, haverá um novo amanhecer, novos tons a colorir a paisagem, silêncios que só eu posso quebrar.
Créditos da imagem: Nathalie Aguiar
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