Raízes da vida

Fizeste-me à tua imagem, sombria e solitária, distante e indiferente. Pelo menos, era o que eu pensava, antes que as tempestades mais violentas se abatessem sobre mim, antes que as temperaturas mais agrestes afastassem de mim qualquer tipo de vida, antes que o sol brilhasse sobre mim durante longos meses, secando tudo o que existia à minha volta.
Agora sei que apenas me ensinaste a ser forte para que sobrevivesse. Ensinaste-me a ignorar a dor e a resistir. Ensinaste-me a não depender de nada nem de ninguém para que não me desiludisse. Deste-me as raízes da vida para que crescesse e tivesse também a capacidade de dar vida.
Não me disseste nada sobre sonhar, sobre sentir, sobre viver. Não fizeste por mal. Só o tempo o pode fazer. Só o tempo nos acena com essa sabedoria de sentir em vez de olhar, de confiar em vez de ver.