E, de repente, calaste-te, como se não tivesses mais nada para dizer. Mas tinhas. Ficou tanto por dizer nas entrelinhas, nas vírgulas, nos pontos de interrogação, nos espaços em branco, na folha que ficou por preencher de palavras e de afetos. E, de repente, ergueste um muro de silêncio à tua volta. Fechaste a porta, atiraste a chave para bem longe, para que eu não tivesse a tentação de a abrir.
E, de repente, os meus sonhos ruíram. Partiram-se em mil pedaços. Não ficou pedra sobre pedra. Não sobrou nada daquele imenso poço de vida, que regava toda a minha sobrevivência. E, de repente, o vazio, a ausência, a falta de ti, dos teus olhos, do teu coração, que se deitava ao lado do meu numa nuvem de amor e de esperança.
Eras o tudo e deixaste o nada no teu lugar. O que faço agora com tanto deste nada que me aflige e me faz desacreditar em tudo o que já acreditei? O que faço com este ruído à minha volta que me lembra a cada instante que não estás aqui? E, de repente, o choque da mudança, demasiado brusca, demasiado violenta, demasiado intempestiva. E, de repente, a vida diz-me “começa de novo”. E sorri.
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