Ainda não foi desta que a ameaça venceu a esperança, que o medo ganhou à confiança. Ainda não foi desta que o mundo ficou virado do avesso e que o terror foi mais forte do que a nossa paz. Por momentos, por breves instantes, a vida ficou suspensa em mil pontos de interrogação, em dúvidas, muitas dúvidas. Por momentos, questionei-me “e se?”. Mas rapidamente sosseguei.
Mesmo que a minha vida estivesse destinada a ter um fim, ali num prédio que mal conheço, numa das ruas mais movimentadas da cidade, estaria serena. Acredito que a vida sabe o que faz e que os desafios surgem por alguma razão. No silêncio assustador daqueles segundos, que avançaram mais lentos do que o normal, perguntava-me se iria ouvir algum estrondo, algum som que me alertasse para o pior. Não ouvi.
Limitei-me a seguir o meu caminho, em suspenso, preparada para o inesperado que poderia acontecer, com os olhos na porta que me levaria para longe daquela nuvem ameaçadora. Lá fora, ambulâncias, polícia, estradas cortadas, vidas em modo pausa, respirações ofegantes, silêncio, um estranho silêncio que nunca se ouve nesta cidade, a meio do dia. Não estamos seguros, mas podemos segurar-nos à nossa paz. Ainda não foi desta…
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