Eu sei que te desapontei e que te desiludi amargamente. Nada nem ninguém me atingiu da maneira que me atingiste, quando olhaste para mim, naquele dia. Foi como uma flecha de fogo, fulminante e certeira. Nada nem ninguém me fez alguma vez arrepender tanto. O tempo não anda para trás, só na minha cabeça, vezes e vezes sem conta, como se lembrar aqueles segundos pudesse alterar a realidade e inverter a desilusão que sentiste, a mágoa que se formou no teu olhar.
Arrependo-me, sim, mas não do amor que carrego comigo e que preenche o vazio que deixaste repentinamente. Nunca estamos preparados para o arrependimento e, no entanto, não há nada mais certo do que errarmos porque somos humanos, porque somos seres de tentativas e erros.
Mas nunca estamos preparados para errar com quem amamos. Queremos mostrar-nos perfeitos aos olhos de quem mais gostamos. Queremos esconder que estamos constantemente a errar. E agora vou ter de aprender a respirar com uma flecha no coração, com a dor de saber que não me perdoaste porque, afinal, o teu amor também era imperfeito, como eu.
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