O tempo acalma a dor. Por mais forte que seja, não há ferida nenhuma que o tempo não cicatrize. A marca, qual fio de saudade, fica lá para sempre, gravada no coração. Há dias em que mal se vê, parece que se vai dissipar, e outros em que está maior, mais vincada, mais definida.
O tempo tranquiliza a onda de revolta e porquês, relativiza o sofrimento, a angústia de perder o que, na verdade, nunca nos pertenceu. O tempo ajuda, mas não consegue disfarçar a saudade. Nada consegue acalmar a corrente que segue em direção a um mar revolto e tempestuoso. Mas o tempo torna os dias mais suportáveis, menos angustiantes. O tempo permite que voltemos a abrir o coração, a acreditar no amor sem reticências, a ter fé num amanhã melhor, a dominar o medo de voltar a sofrer, de voltar a esmagar o coração.
Bastaria uma palavra tua, um olhar, um gesto para que toda esta parede de indiferença, que ainda estou a erguer, ruísse. Bastaria um sinal que me voltasse a encher de esperança para que estes alicerces de solidão desmoronassem. Mas não há nada que me diga que o tempo parou ou que pode voltar atrás. Não pode. A distância só se quebra com dois corações abertos.
Créditos da imagem: Helena Simão
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