Terra de pescadores, de praias que se debruçam sobre o imenso Oceano Atlântico, de um passado rico em história e de um presente ligado ao surf, Peniche não deixa ninguém indiferente. Tem paisagens únicas, tem das melhores ondas do mundo, tem extensos areais e arribas encantadoras. O concelho, localizado na região Oeste, no centro do país, a 90 quilómetros a norte de Lisboa, integra ainda o enigmático arquipélago das Berlengas, a cerca de sete milhas do Cabo Carvoeiro.
Atualmente, Peniche é uma península, mas chegou a ser uma ilha. E tem particularidades muito interessantes. A povoação foi construída numa área rochosa considerada pelos cientistas única, a nível mundial, em termos geológicos, por ser um exemplo da transição do período Triássico aquando da extinção do Jurássico Inferior, na orla costeira entre a zona da Papoa e o Cabo Carvoeiro. Por ali, há registos de animais com mais de 540 milhões de anos. Quem passeia por esta zona, mesmo sem saber da importância do local, fica surpreendido com as formas curiosas das falésias calcárias.
Outro local muito interessante é a Gruta da Furninha, onde foram descobertos vestígios de presença humana desde a época do Homem de Neandertal. Este é o sítio Neandertal mais ocidental do mundo. Bastante mais recente é a construção da Praça-Forte de Peniche, uma fortaleza mandada construir pelo rei D. João III no século XVI, que se tornou célebre como prisão política durante o regime de Salazar entre 1934 e 1974, e de onde fugiu o líder histórico do Partido Comunista Português, Álvaro Cunhal. É um dos locais que merece uma visita no centro da cidade.
As ruas estreitas e mais antigas guardam ainda os segredos das tradições ligadas à faina da pesca, outrora essencial para a economia desta terra. Por aqui, o silêncio é apenas interrompido pelas vozes dos moradores que se misturam com muitas gaivotas que dançam ao sabor do vento e das marés.
O passeio pela marginal, a caminho do Cabo Carvoeiro, é obrigatório. A paisagem é sedutora a qualquer hora do dia, mas o pôr-do-sol é sempre um momento especial, sobretudo devido à presença das Berlengas, que nos acenam ao fundo do horizonte. Também merecem uma visita, bastando, para isso, reservar o transporte antecipadamente, junto à Marina de Peniche, no centro da povoação. Existem barcos de várias empresas disponíveis para fazer a travessia e a maioria sai de manhã. A viagem dura cerca de 30 a 40 minutos e o regresso é feito ao final do dia, embora também seja possível passar a noite na ilha maior, a Berlenga, onde se encontra o Forte de São João Baptista, construído para proteger a ilha do ataque de piratas.
Mas são as praias e, principalmente, as ondas, a razão por que tantos turistas procuram Peniche. A norte, Baleal, Peniche de Cima e Gamboa são os locais mais famosos. A sul, encontramos a Consolação, Peniche de Baixo e Supertubos, a tal que é procurada por surfistas de todo o mundo pelas condições excecionais naturais de proporcionar ondas perfeitas.
Em torno desta onda, desenvolveu-se um turismo muito orientado para estrangeiros e público mais jovem, com a abertura de escolas de surf, hostels, bares e lojas de marcas desportivas, sobretudo desde 2009, altura em que Peniche passou a ser palco de uma das etapas anuais do Circuito Mundial de Surf.
O Baleal, considerada pelo escritor português Raúl Brandão, “a mais linda praia da terra portuguesa”, é uma língua de areia rodeada de água por todos os lados, exceto um. Dada esta particularidade, quem está na praia, encontra-se de frente para o mar e, simultaneamente, de costas. Habitualmente, quando o areal situado a Norte tem ondulação, o areal do lado Sul não tem e vice-versa.Peniche é, hoje em dia, procurada em qualquer altura do ano, mas é, sobretudo, nos meses de Verão, que as praias se enchem de turistas. Quem conhece a região e pretende fugir das multidões, encontra refúgio na praia da Almagreira, a norte do Baleal, um extenso areal selvagem e natural com arribas bastante curiosas, algumas das quais em risco, devido à erosão. Evitando esses locais mais instáveis, é possível encontrar ali natureza, mar e tranquilidade. Um final perfeito para um fim de semana ou para umas férias cá dentro.
Créditos da imagem: Helena Simão
Este texto integra a rubrica “Viajar” do portal SAPO Viagens.
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