Ninguém é de ninguém e é nesse não ser de alguém que reside a loucura de querer sê‑lo. Somos livres por princípio e, no entanto, somos capazes de viver uma vida inteira agrilhoados a coisas, a pessoas, a situações que não nos pertencem, sufocados por algo que não queremos, ansiosos por essa liberdade.
Ninguém é de ninguém e o segredo dessa felicidade está em não tentar sê‑lo. Nesse desapego que sonhamos ter e, ao mesmo tempo, evitamos a todo o custo reside a chave do amor. Parece estranho? Pode parecer, mas amar no sentido mais amplo e profundo é gostar, querer estar perto e deixar ir, sem controlo, sem
perguntas, com sacrifício. Queremos ser de alguém, queremos que alguém seja nosso e, no entanto, amar é abrir mão de tudo isso e deixar voar o outro.
Esse ninguém é alguém para nós e não nos deixa ser ninguém. Porque cada um de nós tem um nome, tem uma marca única. Porque deixamos sempre algo de nós para trás, nessa loucura que foi amar sem esperar nada em troca, mas ansiando por uma migalha que fosse de carinho, um gesto que contradissesse o «tenho de ir». Queremos ser como o vento, a chuva, o sol ou a lua, mas queremos cativar o outro e apertar‑lhe a mão, quando o mais sensato seria abrir a mão porque ninguém é de ninguém.
Créditos da imagem: Helena Simão
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