Sem norte, à sorte, sem chão. Quebraste todos os alicerces que me ligavam à terra, tudo o que me protegia sempre que dava um passo maior. Se tentava saltar era porque sabia que lá estavas. Se testava os meus limites era porque sabia que me ajudavas a ter os pés na terra, sempre que era preciso. Deixaste de estar e isso ainda não faz sentido na minha cabeça.
A tua partida foi tão esmagadora como um furacão que destrói tudo. Nada ficou no seu lugar. Tudo se alterou para sempre. Os lugares deixaram de fazer sentido. O tempo deixou de avançar como antes, continuou a contar aos soluços, aos solavancos, sem contar para mim. Deixaste-me, embora saiba que não o fizeste para me magoar ou para me diminuir.
Sabias que estava preparada para seguir sozinha sem âncoras, sem amarras. Sabias que estava pronta para voar do ninho embora eu própria não soubesse. Sabias que precisava de crescer, de enfrentar as tempestades sozinha. Sabias que a dor não ia ser maior do que a força que tenho dentro. A que me ajudaste a conquistar, mesmo sem estares aqui. Sabias muito mais de mim do que eu ainda hoje sei. Sabias que o amor que nos une jamais se quebrará e que esses alicerces que ruíram quando foste estão, afinal, no meu coração.
Créditos da imagem: Helena Simão
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