É no vazio que se segue à desilusão que acertas os ponteiros do recomeço. É no sopro de vida que teima em vir à tona, que acena para ti e diz “não te deixes ficar no chão, levanta-te”, que está o princípio de uma nova etapa. Depois da destruição, vem o espaço para construir. Depois de uma despedida forçada, novas perspetivas surgem.
Mesmo que nada vislumbres, mesmo que seja difícil acreditar ainda em alguma coisa. Há vida, há tempo, há esperança. Desde que te dês mais uma oportunidade, só mais uma oportunidade. É isso que te define. Não és pessoa de ficar num canto a chorar sobre o que já não tem solução. Não és pessoa de desistir perante uma intempérie. Não és fraco nem tens receio de falhar, tens receio de já não poder falhar mais, de não ter mais hipóteses.
Mas enquanto houver uma pequena brecha nessa janela, há luz que entra e é tudo o que o teu coração precisa para se voltar a erguer. O simples seria virar as costas, ir para outro lugar. O que mais custa é ficar, é olhar para esse grande vazio à nossa volta, para esse grande vazio que ficou no coração e voltar a enchê-lo de cor, de esperança, de amor. Porque, no final de contas, nada mais resta senão o amor.
Créditos da imagem: Helena Simão
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