Era tão fácil desistir de dar, desistir de acreditar, desistir de tentar. Era tão fácil fechar as portas do coração para sempre, deixar de sentir para não voltar a sofrer, deixar de ver o melhor nos outros para não voltar a errar. Era tão fácil dizer mal da vida, culpar tudo e mais alguma coisa pelo resultado da minha vida, aceitar que vêm aí dias piores, dias frios, dias solitários.
Era tão fácil fechar-me na minha concha, naquele canto, que apesar de escuro, é o meu canto, com as paredes que já conheço, com o chão que já pisei centenas de vezes. Era tão fácil aceitar que acabou, que a felicidade é coisa para os outros, que o sucesso é algo inatingível, que a sorte está apenas do lado dos outros e que nunca vai querer nada comigo.
Era tão fácil respirar apenas para sobreviver, deixar que o tempo passe sem me importar, sem ter nada que importe. Mas de que serve atravessar a vida sem viver, ter um coração dentro do peito sem amar, ter lábios e não sorrir e não beijar? De que serve ter duas mãos se não as uso para me amparar nas quedas, se não as uso para segurar alguém? De que serve um novo dia se não for para recomeçar, para tentar, para acreditar?
Mesmo que falhe, mesmo que doa, mesmo que caia, escolho o lado do coração, escolho sentir, escolho viver.
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