No coração do Oceano Índico, encontramos o país mais pequeno do continente africano: as Seychelles. Repartido por 115 ilhas, umas coralinas, outras graníticas, este é o país do sol e das praias que parecem pedaços de céu desenhados por mãos divinas, do mar com tons de azul e de verde e da natureza verdejante e exótica. Este é o país líder mundial em turismo sustentável, com maior percentagem de terra sob proteção natural, ou seja, quase 50% do território encontra-se protegido.
Depois de uns dias em Praslin, chegou a vez de conhecer La Digue, a quarta maior ilha e aquela que guarda uma das praias mais bonitas do mundo e, sem dúvida, uma das mais fotografadas: Anse Source d’Argent. La Digue fica a apenas 6 quilómetros a sudoeste de Praslin e, para lá chegar, é preciso apanhar um ferry, ou jetty, como se diz por lá.
A viagem, a cargo da companhia Cat Cocos é bastante tranquila e demora apenas cerca de 15 minutos. Convém comprar os bilhetes com antecedência, uma vez que não existem muitos horários. Em alguns dias da semana, é feita apenas uma viagem por dia. O mesmo se passa com o bilhete de regresso. O destino seguinte era Mahé, pelo que tratei logo dos bilhetes para ficar descansada.
La Digue é a ilha das boas energias, onde o stress não entra. Com uma área de apenas 10 quilómetros quadrados, facilmente se chega a todo o lado a pé ou de bicicleta. Há poucos carros e apenas uma bomba de combustível, que se encontra perto do jetty. Por isso, o ar é puro, as paisagens são absolutamente arrebatadoras e o ambiente é de paz.
A ilha foi assim nomeada graças ao veleiro do francês Marion du Fresne que ali atracou em 1768. Uns anos mais tarde, em 1789, começariam a estabelecer-se os primeiros colonos franceses na ilha que chegaram com escravos africanos. Além de viverem do turismo, os habitantes, chamados de diguois, vivem do cultivo da baunilha e açafrão e da pesca.
Alugada a bicicleta, o que é muito fácil por estarem em todo o lado, é hora de relaxar e desfrutar da boa “vibe” da ilha. Com os seus granitos gigantescos esculpidos ao longo de 700 milhões de anos pelas águas e pelos ventos, as praias são encantadoras. A areia é branca, a temperatura do ar convida a um mergulho e a água é tépida, quase a rondar os 30 graus. Nem dá para refrescar depois de uma viagem de bicicleta.
Há várias praias na ilha que merecem uma visita, mas Anse Source d’Argent é aquela de que se fala e é obrigatória. É também a única onde se paga bilhete para entrar, já que se encontra dentro do parque L’Union State, onde está também uma antiga casa colonial da época das plantações, bem como o cemitério onde repousam os primeiros moradores da ilha. Por aqui, encontramos também as tartarugas terrestres gigantes, que podem viver até aos 250 anos e que já tínhamos visto em Praslin e na ilha Curieuse. Neste parque, estão dentro de uma cerca, apesar de ser fácil chegar até elas, dar-lhes de comer e fazer muitas festas.
O bilhete custa 115 rupias (7,5€) e a bilheteira está aberta entre as 7 e as 17 horas. É-nos fornecida uma pulseira, pelo que podemos entrar e sair do parque as vezes que quisermos no mesmo dia.
Feita esta visita, encontramos o parque de estacionamento das bicicletas e seguimos viagem rumo ao paraíso. Se nas outras praias as rochas decoram o cenário de forma encantadora, aqui estes enormes granitos assumem ainda um maior protagonismo. São eles que nos mostram o caminho até ao areal. O mar é tranquilo protegido por corais e, mal colocamos os pés dentro de água, vemos inúmeros peixes exóticos, alguns bastante grandes, que não se incomodam nada com a nossa presença.
Não é à toa que muitas publicações internacionais tenham já colocado esta praia no topo das preferidas, como a National Geographic. Vale a pena seguir as rochas e prosseguir caminho, pois o areal continua com paisagens cada vez mais envolventes e menos gente. Este é um dos locais onde se celebram casamentos. Há algumas barracas que fazem sumos de fruta, mas não têm nada para comer. Por isso, o ideal é levar um lanche para poder aproveitar esta praia até ao último raio de sol.
Mais perto de La Passe, a pequena localidade onde se encontram quase todos os restaurantes e hotéis, há uma outra praia que me ficou na memória: Anse Severe.
Este é um daqueles areais tranquilos onde podemos descansar sob uma palmeira e a vegetação abundante. Não fossem estas sombras e seria impensável estar na praia a determinadas horas, dada a temperatura ambiente. Aqui encontramos as rochas emblemáticas das Seychelles e as tonalidades de uma natureza ainda pura. É das imagens que guardo para sempre na memória. Anse Union, Petit Anse e Grande Anse são outras praias que vale a pena conhecer, mas têm correntes fortes e é preciso ter bastante cuidado.
Em La Digue, vendem-se algumas excursões para ver tartarugas marinhas e peixes exóticos. Numa das tardes em que estive na ilha, fui conhecer o fundo do mar junto às ilhas Sister, Coco e Félicité. A viagem vale a pena pelo próprio trajeto e, na ilha Sister, tive a sorte de ver duas tartarugas durante alguns minutos antes que se fizessem novamente ao caminho em direção ao fundo do mar. É um encontro marcante e inesquecível.
Apesar do tempo passar devagar, os dias passam muito depressa nesta ilha e a sua boa energia deixa saudades. Mas é altura de apanhar o jetty e partir à descoberta da ilha principal das Seychelles: Mahé. Uma aventura que fica para contar no próximo artigo.
Créditos das imagens: Starting Today
Este texto integra a rubrica “Mundo” do portal SAPO Viagens.
Seja o primeiro a comentar