São 115 as ilhas que compõem as Seychelles, um destino de sonho, que merece ser visitado pelo menos uma vez na vida. Situadas em pleno Oceano Índico, a nordeste de Madagáscar, integram o continente africano e dividem-se em ilhas graníticas e coralinas. As primeiras são as chamadas ilhas internas, das quais fazem parte Mahé, a principal, Praslin, La Digue e Curieuse. As segundas espalham-se numa área que pode ir até aos 1200 quilómetros, são planas e sem nenhuma água doce.
As ilhas graníticas são o lar de cerca de 75 espécies vegetais endémicas, como a palmeira do coco de mar, que apenas encontramos em Praslin e na ilha Curieuse. O coco de mar, assim batizado pelos portugueses que os avistaram, inicialmente, ao largo das Maldivas, pensando que provinha do mar, pode pesar até 30 quilos e é a maior semente do mundo. Além disso, possui um formato bastante curioso, assemelhando-se aos glúteos femininos.
Estas ilhas são também o lar das tartarugas gigantes terrestres, que podem viver até aos 250 anos. Encontrei-as em Praslin, La Digue e na ilha Curieuse. São animais muito especiais e tranquilos e adoram festas.
Mas estes paraísos magnificamente decorados com formações rochosas aprumadas pela erosão da água e do vento são ainda mais particulares, dado não terem origem vulcânica, como a maior parte das ilhas. Há 700 milhões de anos, faziam parte do supercontinente do Sul, chamado de Gondwana, tal como a Índia e todo o continente africano.
Se este destino sempre foi considerado um destino de luxo, a verdade é que existem cada vez mais opções acessíveis e interessantes, que permitem a qualquer um de nós sonhar com aquelas paisagens que fazem as capas dos catálogos de viagens e parecem perfeitas de mais para serem verdadeiras. Se, por um lado, há ilhas exlusivas de um único hotel, como Felicité, Desroches, North Island e Silhouette, onde uma noite pode custar quase 2.000€, por outro, existem belíssimas guest houses que cobram entre 100 e 200 euros por noite com serviços de limpeza.
Clima
A boa notícia é que podemos ir para as Seychelles em qualquer altura do ano, uma vez que as temperaturas são sempre amenas e sofrem variações mínimas. Enquanto as máximas oscilam entre os 28 e os 31 graus, as mínimas rondam os 24 e 25 graus. Já a temperatura da água do mar varia entre os 26 e uns impressionantes 30 graus. Além disso, estas ilhas divinais estão localizadas fora da faixa afetada por furacões.
Mesmo assim, o clima deste pequeno país divide-se por duas estações, de acordo com os ventos de monção. De novembro a abril, sopram de noroeste, dando origem à estação húmida, quente e chuvosa. Quando os ventos sopram de sudeste, entre maio e outubro, temos a estação fresca e seca. Durante este período, as chuvas costumam cair durante a noite.
Estive nas Seychelles no final de março e início de abril e perguntei aos locais qual seria a melhor altura do ano para visitar o seu país. Disseram-me que era precisamente naqueles meses e que outubro também era muito agradável.
Como chegar
A entrada neste país faz-se pela ilha principal, Mahé, onde se localiza a capital Victoria. Existem várias companhias que voam para o aeroporto internacional das Seychelles, como a Emirates, a Turkish Airlines e a Ethiopian Airlines. Depois de pesquisar no site skyscanner.pt, optei pela Austrian Airlines, com uma escala em Viena, a que me oferecia a melhor relação duração da viagem/ preço.
Para visitar Praslin, a segunda maior ilha, existe a opção de voar pela companhia Air Seychelles. Há vários horários ao longo do dia e a duração da viagem é de apenas cerca de 15 minutos. Além disso, o trajeto é inesquecível, dado que voamos a baixa altitude num pequeno avião e as cores do mar são surpreendentes. Mas quem preferir, pode ir de barco através da empresa Cat Cocos (www.catcocos.com). Os bilhetes podem ser comprados online ou no porto, no escritório da companhia.
A viagem dura cerca de uma hora e 15 minutos, mas os horários são mais limitados. Para ir para La Digue, a ilha onde se situa a praia Anse Source d’Argent, já considerada por diversas vezes a mais bonita do mundo, terá mesmo de ir de barco, via Praslin.
Onde ficar
Estive 14 noites nas Seychelles, que reparti da seguinte forma: 5 noites em Praslin, 4 em La Digue e 5 em Mahé. Quando aterrei em Mahé, voei de imediato para Praslin. Daí, segui de ferry até La Digue (são cerca de 15 minutos) e terminei em Mahé, depois de mais uma viagem de ferry. Assim, no dia de regresso, já me encontrava a cerca de 30 minutos do aeroporto internacional.
Para pesquisar hotéis ou guest houses, usei os motores de busca Boooking, Agoda, Hotels ou Amoma. Para comparar preços, uso habitualmente o Trivago ou o Momondo.
Em Praslin, fiquei instalada no L’Hirondelle Self Catering Guest House, mesmo em frente ao mar na zona de Cote d’Or, uma das mais espetaculares da ilha. Além disso, estava muito perto de restaurantes e de um supermercado. As refeições são muito caras neste país, pelo que a vantagem de ficar num aparthotel como este é que a cozinha se encontra completamente equipada, o que permite preparar todas ou algumas refeições.
Voltei a ficar num alojamento com as mesmas características em La Digue. Villa Charme de L’Ile tem apenas cinco quartos, todos virados para a piscina central, que assume o protagonismo do espaço. É muito tranquilo e confortável. Fica localizado perto de restaurantes, de serviços de take away e de supermercados.
Só em Mahé optei por ficar num hotel, o Avani Seychelles Barbarons, de quatro estrelas. Está bem localizado, possui uma boa relação preço/ qualidade e foi o ideal para relaxar nos últimos dias de viagem.
Transporte
Para conhecermos as ilhas de Praslin e Mahé, temos duas opções: ou andamos de autocarro ou de táxi ou alugamos um carro. O único senão é termos de conduzir pela esquerda, uma herança deixada pela presença dos ingleses no país. Em Praslin, basta alugar carro num dos dias, já que a ilha é pequena. Nos restantes, optei por andar de autocarro. O bilhete custa cerca de 50 cêntimos e tanto serve para uma viagem até à paragem seguinte como até à última.
Em Mahé, também optei pelo autocarro. No hotel, informaram-me sobre os horários e os números dos autocarros que tinha de apanhar para conhecer as praias de maior interesse, pelo que não foi difícil chegar aos lugares desejados. O carro ficou para um dos dias para partir à descoberta das praias mais a sul da ilha, já que nessa zona os horários dos autocarros são mais limitados.
A bicicleta é o meio de transporte utilizado em La Digue. Junto ao porto, existem várias empresas que as alugam pelo tempo que desejarmos. Os seus colaboradores transportam inclusivamente as malas dos turistas nas bicicletas com uma descontração notável. Aliás, a própria ilha tem um ambiente muito particular de boa energia.
Religião
Mais de 96% da população é católica, fruto de uma grande influência francesa no território. Há uma pequena percentagem de islâmicos e hindus.
Não se nota nenhum choque quando chegamos às Seychelles. É, aliás, dos países mais “europeus” onde já estive.
Fuso horário
A diferença é de apenas três horas, agora que estamos em horário de verão.
Moeda e língua
A moeda oficial é a rupia das Seychelles (SCR). Um euro equivale a cerca de 15 rupias.
O inglês e o francês são as línguas oficiais, mas os locais falam seichelense, um idioma crioulo, que é uma mistura das influências que sofreram nos últimos séculos, antes de se tornarem um território independente, em 1976.
Entrada
Não é necessário ter visto para estadias inferiores a 30 dias, bastando apenas o passaporte com uma validade, à data de entrada, superior a seis meses.
Créditos das imagens: Starting Today
Este texto integra a rubrica “Planear” do portal SAPO Viagens.
Seja o primeiro a comentar