Escolho chegar ao fim deste beco e voltar para trás. Nada havia para mim ali senão sofrimento, dor, desilusão, palavras azedas, indiferença. Nada havia para mim ali senão migalhas de uma felicidade que nunca conheci, restos de uma ilusão vencida pelos receios de ir à luta e chegar mais longe.
Escolho voltar para trás e recomeçar. Não é perder tempo, é voltar a mim, é reconstruir aquelas partes de mim que ficaram reduzidas a cinzas depois de tantas tentativas frustradas, depois de tanto pedir amor. Escolho voltar a ser eu, inteira, com muito amor próprio. Escolho estar disposta a amar novamente sem ses ou talvez. Escolho acreditar no meu valor e nas minhas capacidades para enfrentar um mundo que tanto tem de belo como de assustador.
Escolho erguer-me contra as injustiças, contra tudo o que não concordo, contra todos os que acham que sabem tudo, mas, na verdade, têm um caminho a percorrer ainda mais longo do que o meu. Escolho agradecer em vez de me lamentar, agir em vez de esperar que aconteça, sorrir em vez chorar. Não vai estar sempre tudo bem, o mar nem sempre está calmo, o sol não brilha todos os dias. Mas eu escolho estar do lado bonito da vida e caminhar pelos limites dos meus sonhos, apagar todas as linhas que me travaram e seguir sem destino, apenas com um único pensamento: seja o que for, eu consigo.
Créditos da imagem: Helena Simão
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