Malásia é um destino surpreendente repleto de contrastes. Neste país do sudeste asiático, há cor, vida, caos, calma, diversidade. Há natureza que palpita vibrante, há um ambiente citadino que cresce desenfreado. Olha-se para o passado, mas, sobretudo, para o futuro. Desde a moderna capital Kuala Lumpur às imponentes montanhas, passando pelas cidades históricas, símbolo de influências culturais distantes, sem esquecer as paradisíacas ilhas, com uma impressionante riqueza de fauna e flora. Há muito para ver, sentir e guardar.
Dividida por dois territórios, a parte sul da península Malaia e ilhas adjacentes e uma parte do norte da ilha de Bornéu, a Malásia é um país recente, mas com um crescimento económico impressionante, muito à conta dos seus recursos naturais, mas também do turismo, comércio e turismo médico. É independente desde 1957 – embora o nome Malásia tenha surgido apenas em 1963 – depois de se ter conseguido desprender do império britânico. Ficaram as influências, visíveis, sobretudo, na sua estrutura governativa e no modo de condução, pela direita.
Antes dos ingleses, foram os chineses e indianos a chegar ao reino malaio com intenções comerciais. No século XVI, os portugueses conquistaram Malaca, um importante centro comercial da época. Uma diversidade que ainda hoje é visível nas ruas, nos edifícios, na gastronomia e, principalmente, na religião, apesar do islamismo ser a religião oficial. Todos são aceites e todos convivem pacificamente.
Nas ruas, vemos mulheres que usam burka (estão todas tapadas e apenas têm uma rede na zona dos olhos), outras que usam o hijab (apenas têm o cabelo, as orelhas e o pescoço tapados com um lenço e o rosto fica destapado) e outras ainda que preferem as saias ou os calções curtos para suportarem as altas temperaturas.
O clima é quente é húmido, influenciado pela proximidade do Equador. As temperaturas rondam os 30 graus durante todo o ano e mal se nota a diferença entre o dia e a noite. A chuva cai com alguma frequência o ano inteiro, apesar de existir uma época de monções entre outubro e fevereiro. Os meses mais aconselhados para visitar a Malásia são entre junho e agosto.
Kuala Lumpur é uma capital jovem, que fervilha de vida e de cor. Em KL, como os locais gostam de lhe chamar, residem cerca de 1,6 milhões de pessoas. Vale a pena passear a pé pelas ruas principais do centro, até porque é aí que nos deparamos com os principais símbolos desta cidade.
Vêem-se de todo o lado e para onde quer que olhemos, os nossos olhos correm para elas. As Petronas Twin Towers são famosas torres gémeas que já estiveram no topo do mundo, no que diz respeito à sua altura. Atualmente, encontram-se em sexto lugar nessa tabela, mas os seus 452 metros de imponência e elegância continuam a merecer destaque. Os dois edifícios unidos por uma ponte têm 88 andares e foram inaugurados em 1999. Cada edifício pesa cerca de 300 mil toneladas, o que corresponde a mais de 42.800 elefantes. A estrutura de aço com vedação em vidro foi desenhada sob a influência da arte islâmica.
Nas Petronas, está sediada a empresa de petróleo e gás com o mesmo nome, que pertence ao Estado. Os primeiros seis andares são preenchidos pelo centro comercial Suria KLCC (abreviatura de Kuala Lumpur City Centre), onde encontramos lojas pertencentes às principais marcas de luxo.
À frente das torres está um pequeno jardim, onde dia e noite as pessoas se amontoam para tirar a melhor fotografia, sempre com as “gémeas” de fundo. Nas traseiras, encontramos o KLCC Park, uma espécie de Central Park oriental, com muitas zonas verdes, espaços para relaxar, passeios para correr ou caminhar, fontes e até piscinas e quedas de água. Um oásis para nos refrescarmos um pouco do clima quente e húmido da cidade.
A menos de um quilómetro de distância, está edificada outra torre grandiosa, a KL Tower, a sétima torre de telecomunicações mais alta do mundo com 421 metros de altura. Foi inaugurada em 1996 e, tal como as Petronas, está aberta ao público. Além de ter um aquário de coral e uma sala de cinema, tem uma vista incrível sobre a cidade.
É possível subir até meio da torre, a 276 metros, e ficar numa zona fechada mas com uma vista panorâmica, ou continuar até ao topo e ter acesso a um espaço ao ar livre. Os bilhetes têm preços diferentes: cerca de 10 euros e 20 euros, respetivamente. Mas vale a pena subir, nem que seja para ter uma noção geral da cidade e apreciar as Petronas de outro ângulo. À noite, a torre ganha uma nova vida, estando sempre a mudar de cor.
Ainda no centro, encontramos a Dataran Merdeka, a principal praça da cidade, onde foi proclamada a independência. Está situada junto à construção mais antiga, do século XIX, considerada um dos símbolos da colonização britânica: o edifício Sultan Abdul Samad.
Fora da cidade, a cerca de 15 quilómetros de distância, encontramos as Batu Caves, um complexo geológico com três cavernas, que possuem formações rochosas que têm mais de 400 milhões de anos. Ao mesmo tempo, acolhe um dos maiores templos hindus fora da Índia em homenagem ao deus Murugan, deus da guerra e da vitória. A estátua dourada com a sua imagem é a principal deste templo e tem 42 metros de altura.
Para chegarmos ao interior do templo de Murugan, que tem mais de 60 metros de comprimento e 30 de altura, temos de subir 272 degraus, o que, com o calor que se faz sentir, não é tarefa fácil. A dificultar a proeza, estão os muitos macacos residentes que gostam de assustar os turistas e até de lhes roubar comida e objetos. Vi um deles tirar das mãos de uma turista chinesa um saco de amendoins ainda fechado, que rapidamente foi aberto, e outro que não resistiu a um conjunto de porta-chaves, pensando que era comida.
Dado tratar-se de um local religioso, não são permitidas roupas curtas, pelo que, à entrada, são fornecidos lenços para tapar as pernas das mulheres, mediante o pagamento de um valor simbólico. A meio da subida, está a Dark Cave, cuja entrada é paga, existindo ainda a caverna de Ramayana com vários altares coloridos. Para lá chegar, pode usar o táxi ou o comboio, que tem uma estação mesmo à entrada do templo. A partir de KL Sentral, a estação central da cidade, é só apanhar o comboio da KTM Komuter (comboios que percorrem os subúrbios da capital), que tem como destino Batu Caves. A viagem dura cerca de meia hora.
As deslocações dentro da cidade são simples e acessíveis graças à existência de uma boa rede de metro e de comboio. Apesar de poder parecer um pouco confuso inicialmente, as pessoas são simpáticas e estão sempre disponíveis para ajudar. Sair da cidade e conhecer outros pontos relevantes deste país também é simples. Há autocarros, comboios e aviões low-cost. Aconselho a companhia Air Asia, pela qual já tinha voado nas Filipinas e as viagens correram sempre bem. De Kuala Lumpur, parti à descoberta de locais mais paradisíacos, mas sobre eles escreverei no próximo texto.
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Créditos das imagens: Helena Simão
Este texto integra a rubrica “Viajar” do portal SAPO Viagens.
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