Fugi de ti

Não sei por que fugi de ti. Não sabia que estava, na verdade, a fugir de mim, a afastar-me do meu caminho, a seguir por outro qualquer trilho que não era o meu destino. Fugi de ti, de mim, de nós. O medo de te perder foi maior do que o de não te ter nem que fosse por um dia, por uma hora.
Não sabia que estava a perder uma parte de mim, a única parte que me fazia viver. O medo, sempre o medo de me ferir, de ir e não encontrar nada, de não conseguir superar os obstáculos, de ficar perdida no meio do nada, à deriva, sem que ninguém visse o meu pedido de ajuda.
Nem sei por que fugi. No fundo, sabia que me ias dar a mão e que não a ias largar mais. Tive medo de ser feliz? Tive receio que a felicidade fosse fácil de mais? E depois da felicidade, o que viria? O que me faria continuar? Fugi de ti porque continuo a fugir de mim. Ainda não sei o que sou ou para onde quero ir. Ainda não sei que és o fim que me fará começar a viver.