Não te vejo

Olho-te e não te vejo. O que aconteceu para deixar de te ver, para deixar de te sentir? Foi o tempo que desgastou as mãos imaginárias que me conheciam de cor? Foi a distância que se diluiu na imensidão do oceano de dias? Foi o que tinha de ser.
O amor escreve-se com palavras, mas mais ainda com gestos silenciosos, cheios de tempo, cheios de sonhos. Tudo o que não tivemos, tudo o que não vivemos. Por isso, olho para o infinito na esperança de encontrar os teus olhos, o teu corpo, a tua alma ou apenas algo que me diga que ainda te sentas ao meu lado quando preciso de apoio, nem que seja no pensamento.
Olho para o vazio que cresceu à minha volta desde que não estás aqui. Olho para o horizonte porque ainda acredito que estás aqui, mesmo que não te veja, mesmo sabendo que não te vou voltar a ver. Mas é como se estivesses, é como se tivesses a tua mão na minha mão, é como se encostasses o teu corpo ao meu nos dias mais frios, é como se sorrisses para mim com aquela calma de quem sabe que está tudo como deveria estar. E está. Mesmo que olhe e não te veja.

Créditos da imagem: Helena Simão

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2 Comments

  1. Filipa Machado
    Setembro 17, 2018
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    Tão bonito, obrigada!

    • Helena Simão
      Setembro 18, 2018
      Reply

      Obrigada Filipa!

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