Já não tenho o teu colo

Já não tenho o teu colo, aquela brisa suave que acalmava todos os meus medos. Já não tenho a tua mão amiga a passear sobre o meu cabelo como que a dizer-me que todos os caminhos são bons quando temos bom coração. Já não tenho o teu abraço e é esse vazio, que não se voltará a preencher, que me lembra todas as vezes em que não te abracei por pensar que tu irias estar sempre ali. Mas nada é para sempre. Ninguém é para sempre. E a forma abrupta como te despediste de mim, sem direito a despedida, é a prova mais dura disso mesmo.
Já não tenho o teu colo nem aquele mundo para onde corria quando fugia do mundo. Ali, nesse cantinho que era a tua sombra, sabia que iria estar sempre protegida. Ali, era mais forte e corajosa. Ali, tudo parecia mais fácil. E agora que já não tenho o teu colo, o mundo não é mais o mesmo. Não há abraço nenhum que substitua o teu, não há mão nenhuma que substitua a tua. Não há amor igual ao teu.
Agora que já não tenho o teu colo não me posso esconder do mundo. Sou apenas eu contra um dia atrás do outro, um ano atrás do outro. Sou apenas eu contra um dia num calendário que não deveria existir nunca porque eu nunca deveria ter ficado sem o teu colo.

Créditos da imagem: Helena Simão

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