Medo

Insisti demasiado tempo em ficar presa a um lugar, a uma pessoa, a uma vida. Pensava que, ao sair desses muros que tinha erguido, ia perder a minha essência, ia deixar de ser quem era. Assistia impávida a todo um mundo que continuava o seu caminho, que seguia com as suas vidas, que evoluía e crescia. Mas eu apenas via que todos mudavam e eu não queria mudar.
Persistia no mesmo lugar, olhava para trás, queria recuperar algo que não poderia voltar a ter. Estava iludida numa visão de um passado que tinha deixado saudades e que eu não estava pronta para largar. Não tinha ainda percebido que só se vive quando deixamos de ter muros à nossa volta e quando deixamos as tempestades entrarem. Elas são necessárias para nos fazer dar valor à calma e à paz da bonança. Era o medo que tomava conta de mim e paralisava os movimentos. Deixava de fazer para não me desiludir mais ainda.
Até que finalmente desatei os nós de todos esses fantasmas e resolvi ir. Cada dia é mais valioso quando tentamos, quando fazemos por ir mais além do que fomos ontem. A magia da vida revela-se na dúvida de não saber para onde vamos e nos pontos de interrogação de ignorar o que nos espera. Mudar é crescer e acreditar que posso ser o que eu quiser. Basta que tenha fé em mim.

Créditos da imagem: Helena Simão

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