As linhas desfocadas e pouco percetíveis eram, ainda assim, belas, esbatidas pela luz do sol a incidir na água. Os contornos, indefinidos e meios turvos, do arvoredo eram, ao mesmo tempo, delicados e frágeis.
Mas este quadro deslumbrante mostrava uma realidade que, afinal, não passava de um mero reflexo do verdadeiro universo.
Levantei os olhos. Demorei um pouco a habituar-me a tanta luz.
Teria vivido até aqui sem conhecer a verdadeira essência das coisas? A beleza que os meus olhos viam não passava, afinal, de uma sombra da realidade? Passara todo o tempo a admirar reflexos em vez dos verdadeiros objetos?
Só, então, compreendi. É preciso ver, primeiro, o reflexo para saber admirar o original, é preciso saber o que é uma sombra para a distinguir da luz, é preciso ter dúvidas para vir a ter certezas, enfrentar os receios e abandonar os segredos. Para sermos verdadeiros.
Créditos da imagem: Helena Simão
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