Desprendeste-te de mim

Desprendeste-te de mim como as folhas das árvores. Assim, de mansinho, soltaste-te e foste. Seguiste por um destino que não procuravas, mas que fazia sentido para ti. Olhaste para esse horizonte longínquo e foste, sem olhar para trás. Perdi-te quando o teu coração ganhou o mundo.
Enquanto crescias na vida que escolheste ou que simplesmente deixaste a vida escolher para ti, eu tornava-me mais pequena, reduzida aos pequenos nadas que sobraram. Tinhas de ir, sempre soube. E, mesmo assim, foi amor o que vivi contigo, no pouco tempo que tivemos para sermos apenas um, no pouco tempo que conseguimos que fosse tanto, que ficasse gravado para sempre, na eternidade de um coração que bate por ti.
Foi amor e foi tempo, foi amor e foi esperança, foi amor e foi partida. Foi amor na despedida. Continua a ser amor, agora que já não te pertenço, agora que já não conheço os teus contornos, agora que não sei o que procuram os teus olhos, onde tocam as tuas mãos, que mundo abraçam os teus braços.
Será amor enquanto a saudade continuar cravada no meu coração. Será amor enquanto o lugar vazio que deixaste tiver as tuas formas, o teu cheiro, as tuas rotinas, os teus vícios. Será amor até que me consiga desprender de ti.

Créditos da imagem: Helena Simão

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