Dias cinzentos

Há dias que tememos como se fossem fantasmas tenebrosos e gigantes muito mais poderosos do que nós. Há dias em que o medo toma conta de nós e faz-nos parecer apenas uma marioneta sem voz, sem pernas, sem braços, paralisados perante o desconhecido que se aproxima. Há dias que marcamos no calendário com uma pedra que caiu sobre os nossos pés.
Há dias em que simplesmente não sabemos quem somos e o que andamos a fazer, como se o nosso caminho fosse uma série de trilhos que não vão dar a lado nenhum, como se a corrente se tivesse estilhaçado e não houvesse nenhum sinal de terra. Mas os obstáculos são o que temos de mais certo, os nãos são a palavra mais fácil. É preciso ser forte para superar os gestos irrefletidos que magoam. É preciso ter coragem para acreditar que depois de uma nuvem vazia de certezas existe algo para recomeçar.
A resiliência não se aprende de um dia para o outro, cultiva-se. A desilusão não se pode evitar, mas podemos aprender a sofrer menos se soubermos baixar a fasquia das expetativas. Não é limitar os sonhos, mas deixar que a vida nos surpreenda. Porque os dias cinzentos acabam por passar.

Créditos da imagem: Helena Simão

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