Éramos dois estranhos numa noite fria e sombria. Éramos dois olhares que se cruzaram uma e outra vez, duas luzes que não se deixaram intimidar com a profundidade do mundo que havia por descobrir. Éramos dois estranhos. De poucas palavras, mas de uma atenção acesa que incendiou tudo à nossa volta.
Éramos duas portas que se abriram ao mesmo tempo. Éramos dois mundos opostos que, por momentos, se ousaram tocar. Éramos dois estranhos que, afinal, se conheciam. Dois seres tão distintos que não precisaram de se conhecer porque, no limite, somos todos iguais e todos procuramos atenção, amizade, amor. Éramos dois estranhos num dia cinzento ou de sol? Não é o tempo que conta, pois do tempo apenas queremos que seja verdadeiro.
Éramos dois estranhos e fomos verdade e sintonia. Criámos um mundo à nossa medida. Fomos passado, presente e futuro porque fomos intensos e reais num momento que nos tocou para a vida inteira. Éramos dois estranhos e dois seres que pareciam ser apenas um. Éramos duas peças que se encaixaram naturalmente e que, naturalmente, se desprenderam e seguiram caminhos opostos. Não é esta a beleza da vida?
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