Os dias

Na corrida destes dias, o tempo passa sem que a vida se viva, sem que se saiba desfrutar do sumo das emoções. Na corrida dos dias, andamos desalmados, desalinhados do essencial que é a simplicidade do ser e do estar. Na corrida dos dias, não nos importamos com nada nem com ninguém. Só queremos que passe para termos tempo, só queremos fazer uma pausa para voltarmos a colocar tudo no lugar.
Os dias têm agora outro tom. Pedem-nos para estar em casa, pedem-nos para cuidarmos de nós e dos outros. Pedem-nos para esperar que estes dias de incerteza passem. E nós, que parece que nunca estamos bem e queremos sempre outra coisa qualquer, queremos sair e pomos em risco os nossos e todos os que são obrigados, pela importância do seu trabalho, a sair de casa. E nós, por egoísmo, por indiferença, por desrespeito, ignoramos todos os avisos, todos os pedidos e ordens e pomos o pé na rua para passear.
Os dias têm agora tempo de sobra para voltarmos a respirar, para fazermos tudo com mais calma, para estarmos com os nossos. Os dias têm tempo para olharmos para nós e para o outro com amor, para juntarmos tudo o que importa num abraço, mesmo que seja do outro lado de um monitor. O que importa o espaço quando é o tempo que conta, é o tempo que nos permite desfrutar deste luxo que é simplesmente estarmos? 

Créditos da imagem: Helena Simão

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